Colégios Vicentinos

Fernando Mateus Franco – NARRATIVA DE FICÇÃO CIENTÍFICA


A revolução da impressão
O ano é 2097, a humanidade já explora e conquista grande parte do sistema solar. Eu digo já, porque em 76 anos o homem deixou de mandar robôs para explorar Marte, a fim de promover uma colonização espacial; é muita coisa em um período muito curto de tempo. Pare um pouco para pensar: os primeiros relógios de pulso foram criados em torno de 1814, faz muito tempo, e perto de 2000 lançaram os primeiros celulares com multifunção, sendo uma delas mostrar a hora de uma forma prática e fácil, que é a mesma função dos relógios de pulso, e foram quase 200 anos para passarmos de um para outro.
Voltando a 2097, com toda essa evolução tecnológica, várias coisas acontecem, uma delas é a impressão 3D de órgãos e tecidos humanos, o que é incrível, porque isso revoluciona a área da saúde. Hoje em dia, humanos são criados do zero por essas impressoras.
Com essa revolução tecnológica, também há uma revolução de preconceitos. Humanos que são criados por essas máquinas são chamados de antinaturais, e as pessoas acreditam que eles são outra espécie, que irá dominar tudo que os seres humanos fizeram, que é uma armação do governo, as famosas teorias da conspiração. As teorias não têm nenhum pingo de verdade, no entanto a população não confia nesses “antinaturais”, assim, vários sofrem humilhações, agressões ou até são mortos. Não é a primeira vez que isso acontece na história da humanidade, nem vai ser a última.
Tenho o azar de ser um deles, mas na minha vida está tudo bem. Meus pais, os que mandaram me fazer, não podiam ter filhos naturalmente, pois meu pai trabalhou em uma área no sistema solar que havia uma quantidade de radiação mais elevada, assim, ele acabou contraindo uma doença que o impossibilita de ter filhos naturalmente. Ao mesmo tempo em que eu tenho azar, também tenho sorte, porque meus pais não têm esses preconceitos e moram em uma parte de Marte muito pouco povoado, ou seja, eu estava de boa.
Apesar de eles não ter esse preconceito, ainda me acham um pouco entranho, até eu acho. Eles pensam que meu comportamento pode mudar drasticamente de uma hora para outra, perdendo o filho que eles tanto amam. Eu também penso que isso pode acontecer, porém, eu acho de uma forma um pouco mais extrema. Eu às vezes reflito: “E se um dia eu acordar totalmente louco, querendo matar minha família e a todos?”.
A cada dia eu fico mais paranoico com essa ideia. E se isso realmente acontecer, o que eu devo fazer? Esta é a pergunta que mais aparece na minha mente: “Será que eu devo fugir, para garantir a segurança da minha família? “.
Certo dia, enquanto eu jogava videogames, senti uma forte dor de cabeça e caí no chão. Depois de um bom tempo, eu acordei, sem me lembrar de nada. Minha família disse que eu, logo que caí, me levantei e comecei a quebrar tudo, até machuquei minha mãe, foi aí que eu decidi ir embora. Essa só foi a primeira vez, pode haver mais, não quero arriscar, não posso fazer isso com minha família de novo, mas eu não podia contar, porque, se eu falasse, eles não deixariam.
Parti logo de noite, sem falar nada e sem fazer barulho, isso foi necessário para garantir a segurança deles. O que acontece comigo é para outra história.
    

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