Colégios Vicentinos

SEMPRE É TEMPO DE APRENDER

Jornalista e Professora de Rede Vicentina - Karina Edwiges Martinho de Almeida

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. O verso que abre um dos mais famosos poemas da lírica camoniana, traz uma das maiores certezas que temos em uma vida de incertezas: a mudança nos acompanhará sempre.

E para nós, o mundo nunca tinha mudado tão rápido cobrando soluções novas para problemas inéditos. A pandemia que estamos enfrentando trouxe consequências destrutivas e infligiu sofrimentos físico, psicológico e material a toda a sociedade, sem nenhum tipo de discriminação. Todos fomos marcados com feridas e sequelas profundas que, provavelmente, persistirão por muito tempo.

No entanto, mesmo em meio a esse turbilhão de desespero, devemos nos lembrar de que tudo na vida é aprendizado. Assim, precisamos ampliar nosso olhar acerca dessa nova realidade e entender que mesmo as situações trágicas envolvem lições, ensinamentos e novas posturas. De forma pragmática, o sofrimento abre portas didáticas para o homem, e pode despertar uma maior consciência sobre erros e estimular a criatividade para novas soluções.

Nesse sentido, mais que o aprendizado intelectual e estético, estou aqui me referindo a aprendizados mais profundos. Como a humildade para aceitar que os aplausos pela resposta de ontem já não é o suficiente para garantir a solução para a pergunta de hoje. Como a coragem para enfrentar o desconhecido e aceitar os fracassos. Ou ainda, como a adaptação, já que somos tirados do controle daquilo que planejamos e vivenciamos outras experiências. E aprendemos com essa postura a nos tornar mais resilientes, a valorizar mais as pessoas que amamos ou os pequenos prazeres.

Aprendemos ainda que aceitar não é sinônimo de resignar-se. Aceitar significa que entendemos que a crise é o começo da mudança e que sentir ansiedade ou tristeza faz parte do processo. Aceitamos que muitos planos terão que esperar. Resignar-se seria ficarmos estagnados, tornando-nos passivos a pensamentos negativos repetitivos. Por isso, aprendemos a nos ocupar e a buscar excelência nas nossas práticas, das mais simples até as mais complexas. Afinal, não adianta reclamar. Além dos limites dos nossos talentos e da natureza, a pandemia mostra que precisamos considerar também os limites das condições materiais da vida. Então, em vez de reclamar que não estou em uma sala física interagindo com os quarenta alunos, eu tento fazer o meu melhor pelo buraquinho do notebook que leva minha imagem e minha voz para aqueles que esperam pela minha aula. E me sinto feliz, porque eu sei, que foi o melhor que eu pude fazer, foi o máximo de perfeição que eu consegui alcançar. Uma aula excelente. Espero que eles também pensem assim.

Por fim, aprendemos a ser mais solidários. Aprendemos a estender a mão, a ajudar as outras pessoas. Uma lição de Jesus: uma vida regida pelo amor, pela generosidade. Sobretudo quanto tanta gente sofre pela mesma razão em luto e em luta. O historiador israelense Yuval Noah Harari declarou em uma entrevista que na opinião dele o maior perigo não é o vírus em si, já que a fronteira a ser protegida não é a do país, mas a que fica entre o vírus e o homem. Segundo ele, isolados não venceremos. O novo coronavírus nos cobra solidariedade.

Espero que consigamos desenvolver nossa compaixão, nossa generosidade, a reagir com amor e solidariedade. E que sejamos capazes de discernir a verdade, em vez de acreditar em tantas teorias da conspiração. Uma fala do professor de filosofia Clóvis de Barros Filho da qual nunca me esqueci, desde que fui sua aluna na disciplina de Ética, ao cursar Jornalismo, na Faculdade Cásper Líbero é de que felicidade é aquele instante que queremos que dure para sempre e é um atributo da vida. Assim, enquanto há vida, mesmo durante a pandemia, aprendamos a vivenciar momentos felizes.

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